- Viu o mar hoje? (olha para o azul a cintilar, brilhantes ferozes)
- Lindo, né? A gente podia filmar... (tira a câmera da bolsa tira-colo e assopra a areia sobre a capinha preta)
- Ah, filmar não... vamos fotografar, é melhor... (toma com uma delicadeza decidida a câmera das mãos do amado e aciona a lente para fotografia)
- Fotografar? E que graça tem? (pergunta contrariado, ar de menosprezo)
- Filmar é que não tem graça, é cópia do movimento, do mar forte e revolto, força que não pára, temível, imbatível. "Os homens são fracos", é isso que a gravação me diz. Agora fotografar, bem... é a única forma de um homem (ou uma mulher) parar o mar inteiro num disparo só: "Flash!". Já pensou? É... e é assim que me sinto bem, que me sinto forte. (sorriso puro de satisfação, suspiro longo, disparos e fotografias.)
- (pensativo)
5 comentários:
Capturar um momento no tempo, parar o que nunca pára... Disparos e fotografias! Mas um filme para capturar o abrir de um seu sorriso ou de um botão de flor, lótus.
- (arrebatada, derruba a câmera.)
Rs, esses improvisos vão ao infinito!
Só agora entendi a nova disposição dos comentários no "Rabisque"...hehe
Seu mar, agora, está enquadrado por minhas impressões: é meu também.
Você e sua incrível percepção das coisas a sua volta, Budinha!
Meio Amelie, mas muito elaborado. Isso do homem não ser só ele é bem interessante.
E quanto às meninas girando embaixo do guarda-chuva colorido, deu pra iamginar e imagem, ouvir as risadas e sentir os respingos da chuva.
Camila, cheguei aqui pelo teu comentário n'O meu Acaso do Som.
Adorei o texto, o ritmo, as imagens, os sons. Bela percepção.
Penso que interpretar significa também compor, às vezes ressignificar. Em música, em verso, em qualquer arte.
Adorei também o teu “curto mais infinito” na minha "Rima". Respondi lá. Foi uma completude.
Voltarei aqui mais vezes.
Há braços.
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