Pisar com a palma do pé
Com a pluma das mãos
Com a prece da pele
Cada ponto dessa terra

De cada par de pontas {ponta de areia..
Uma ponte se abre. Caminho por ela.

De cada ponte por onde passo -
ponte-tábua, galho-ponte,
ponte-aérea, ponte-arteria -
deixo brotar um ponto novo -
um ponto-cruz, um ponto-estrela, um ponto-ponte.

Inspirar-se deve ser como abrir pontes dentro de si.
Descobrir um ponto, quem sabe um porto assim: já de partida. Para caminhar de novo e seguir viagem.

Nossos pés estão repletos de raízes.
E o mundo é um ninho imenso de raízes dançarinas com vocação para manguezal. 

púrpura

poro por poro
paro por pura
pera!
para!
pura pira
pera pira
para
respira:

um.
dois..
três...

repara:
poro...

pura poro...

poro por poro...

aveia

artéria
a teia


aveia
cola 


no céu
na veia


torta


boca
adoçada.

encontro particular

por vezes metida de ouvinte particular
sinto pousar cometas na morada do corpo
vivo assim de pequenos acometimentos
enquanto exalas a alma pelo som
e és todo meu
céu vibrando em nua estrela
abraço:
despe-dida.


mim

Te dengo, ego, e te faço partida
Ali, onde já não podes mais me ver
Espelhafado espatifo-te
Íntima curva, sorte de grão-vizir:
condenado à ilusão
Parte quando se aclara minha vista
Solta de mim
até mim não mais sofrer
mim não mais
anseia

E se do seio vier
e da sede crescerem cachos de flor
corações arregalados
de delicadeza
Avisto-me (ou "não me visto de mim")
nasço sorrindo de novo
e vaporizo sincera
em novo breu
deslizo eu em noturna reza
e me deito no colo de mim, de Deus-mulher.

diz--com-verso

Eu não sou meu nome, meu apelido, muito menos minhas cicatrizes. Sou no máximo o que pulso durante o que se manifesta. Energias morrem e nascem pela primeira vez através de mim e me renovam como uma fênix pulsante. Sou toda pausa e movimento. E canto labaredas de vida enquanto estou contigo. Presente-fico. Presente amigo. Presença e sim, contente de estar... converso e diz-com-verso: poema pra mim. Ruborizo assim, como desde as artérias. Te toco e não me queimo, te olho sem medo e assumo primaveras. E como florescem na umidade dos lábios! Chego até a dizer palavras. "Lua", "te amo", "saudades". Calor abranda: "é bom amanhecer contigo"...

Fim da folha:             beijo,   .
Moonlight sonata, Vladimir Kush. 

O piano pia
como uma borboleta
que brinca de passarinho.

epifania

Sou um pedacinho de ser que resta
deixado por algo maior
que fica

sou levante de uma passagem sem vista
ancorado em afagos alados
e acenos coreografados
no despertar da manhã
que finda
o que vejo é o escuro da noite
ainda?

quando estávamos a sós: eu e eu
que estive diante de tudo e de ninguém
e que por estar diante de nenhum outro
não tinha nada
sentia o vento no vazio do tempo

até redescobrir a plenitude do néctar
ainda que solto pelos ares
cheiroso como que à procura de um par
era vida em todo seu despertar
não desperto apenas pelo sentido
mas pelo aroma,
pela leveza e pelo encanto

sua nascente era como fagulhas molhadas
que seguiam vibrando
até virarem estrela

centelha de amor universal
poder de criação maior do que a imaginação
bastava se entregar ao vento
em tempo de germinar

a via láctea inteira!

sou estrela solar planetária amarela
peixes com ascendente em virgem
serpente no calendário chinês
mulher e estudante universitária
estagiária e bolsista mensalista
quando a poesia se poda pelas definições

mas sereia de ouvidos molhados
pelo som semente do mar aberto
soberbo
coberto de imensidões

há canções em todos os meus ouvidos
vozes secretas nos telhados da minha alma
que esperam o momento certo para descobrir-me toda:

fico nua quando estou só.

Recolho as vértebras do passado
enquanto assisto construções de gentes
em minha face
(há)fundo em um sorriso
sim, mas sabe?
quero interromper o abismo com corações

porto amigo é meu recanto
e ainda que às vezes não me sou toda nua
é de todo meu ser estar contigo
acobertada pela amizade
cantante tua de azul se céu avista
e é de toda beleza esse encontro

pássaro que encontra espaço
passo
espaço que é mais alegre
em abrigar vôo

passeio cromático-musical sob o teto das experiências mundanas
para além do qual todos sabem haver o além do todo
aqui estou, pois
aqui me resta(m)
estrelas
festa
flor
amigos
orquestra

epifanias.

caminho de orvalho

Compondo com as memórias da Ilha do Cardoso. O acompanhamento da flauta foi incorporado depois e ela está assim (ouçam e confiram!) porque ainda não aprendi a tocar bem e usei eco de meio segundo na gravação, mas, bem, tem tudo a ver com os ares da ilha! Para mim, os sopros tem um ar de boto, de vento, de mar... já que passávamos horas ali na beira da praia tentando encantar aqueles "serzinhos" cantores, mas éramos simplesmente encantados por eles.  

Caminho de Orvalho
Letra:

Manha verde
Folha a chorar
Um caminho carinho de orvalho (um carinho, caminho de orvalho)
Consolo em solo cair sorrindo
Pois não é pecado

Mar azul menino à vela
Sonha-dor que escorre mar
E a onda...
Tão leve leva
Leve quebra leve quebra leva
E leva de mim...

E vai partir o Sol!

Logo vem a lua menina
Que lá do firmamento respinga
Lento o tempo vento
Nas asas tranquilas de um selvagem Deus

Pó de estrelas vai me cobrindo
Brilho eterno e vôo sentindo
Lábios vento, olhos onda,
Vida morte, meu amor...
(2x)

sem jeito

Manhã verde
Folha a cair
Um carinho, caminho de orvalho
Consolo em solo cair sorrindo
Pois nada é pecado
Pois nada é pecado.

ano novo

 
Pó de estrelas nas águas do mar, na areia molhada da praia, nos dedos que deslizavam nas superfícies sob os pés, nos cabelos que refletiam a luz dos céus. Lua que iluminava, ainda que timidamente, o generoso lar dos golfinhos cantantes. Coração de criança ancestral acendendo as tochas de todos os lares astrais, de todos os entre entes da família luminosa. Conexão renovada, energias recarregadas para, leves, voarmos até além mar, além céu, além Terra. Abraço infinito embalado pelo som da cura e um cheirinho sutil de citronela. 
Amor, paz, amor,
amor.
 
 

parceria

é um começar a escrever
que outro
de tão louco
complementa
aumenta
traduz

e o rabisquinho
acorda
e reluz!

sentindo sentindo
gostinho bom de ficar maior maior
de estender alma, ouvir o outro,
de ouvir dentro,
virar mar, superar léguas de mundo.

Agradeço de coração o enlaçar das mãos que nos tocaram tão lindamente, Noubar. E quem imaginava que a parceria se daria de tão "longe"... Amigo amigo músico poeta, abraços azuis-luar, azul, sem fim... 

fica um registro:

Porto-partir

Despreze toda a ignorância
De um homem que já não sabe o que quer
Repara que ainda és semente
De todo um contente azul luar azul sem fim

Partilha do olhar que suspira
E descansa comigo um falario redentor
Espera o olhar que supera
Num barco, um amigo, o mar
Abrigo maior


Navega no sorriso de um corpo
E descobre num porto
O que não há de partir...


esboço:
http://youtu.be/gqQIRAWxrxg

a parceria. o porto-partir:
http://youtu.be/KiSVrshyJb8










Que seguirá.

homenagem

Fecho os olhos e sinto-me tocada por plumas em forma de estrela (ou estrelas com aquela natural leveza das plumas), que vem pousando de mansinho nos ombros, nos braços e no colo de cada um de nós. É como se soprassem no coração de cada um, de cada semente, que o universo inteiro celebra com nossa família a existência desse novo ser, pois ele já É. E sente, e sente tudo com a gente, como um cristal límpido, como semente dourada, como Miguel... como parte dessa família iluminada de onde nasce nosso amor, nossa cura.

 

Cinco de Novembro de Dois Mil e Onze: homenagem minha, do Rodo e do Vitor, ao casal de amigos, Gabi e Maurício, e ao filho que está para nascer, Miguel, além de a todos os amados da nossa querida família.

amizade



Borrifo de recordação com cheiro cítrico: lançamos cascas de bergamota do terraço do centro cultural e pedaços-de-cor-laranja se espalham livres e descontínuos pelo ar da cidade.

Lançamento cheio de vontade; pausa, palavras: "ihh, e se tiver alguém lá embaixo?". Rindo: "Chuva de mexerica!", risos cheirando laranja. Silêncio de quando ficamos sérios. Corremos até a beira cimentada, ninguém. Alívio.

Descemos até a biblioteca. Em vinil, prelúdios de Bach por João Carlos Martins. Coração alaranjado. Anoitece.

Carona 23 de setembro

Semáforo avermelha, pedestres apressados adentram a faixa. Três de nós tumultuam: "Chuva, chuva!". Dançarina se espalha sob um guarda-chuva densamente colorido. Recolhe cada uma em sua euforia molhada, garoa imaginada que acaba por realizar-se no meio da avenida mais paulistana da cidade. Agora, somos quatro dançarinas em contato debaixo do abrigo aramado. Quatro meninas debaixo do manto edificado, arranha-céus escurecidos pela chuva, acariciados por ela. É minha vez. Corro então para apanhar um amplo cartaz e denuncio em frente aos automóveis:


Carona: Aí também cabe mais gente.


Motoristas interagem. Buzinam, aprovam, chegam até a oferecem carona. Mesmo que não nos recusemos a interagir, agradecemos a oferta e prosseguimos com a intervenção.



Dizer que prefiro a carona das cores? 


Performance de uma idéia e uma recordação:
http://camiladesa.blogspot.com/2010/04/canteiros-alagados-lagoas-temporarias.html

Passarinho noturno

Tem passarinho que canta de noite. Canta, sim. Porque é assim: passarinho canta sempre que amanhece dentro deles. E com alguns, isso acontece várias vezes ao dia... repara!

Chora Aquarela

Letra:

"Oh, singela aurora
Vive a pincelar
Chora aquarela
Quando vê o mar

Qual tua verdade?
Vem pra me contar
Une a unha à corda
Sente o céu vibrar

('Seu violão era um bicho solto,
Mas seu canto era como de um passarinho preso'...)

Qual tua saudade
Que não te deixa brincar
Sai dessa gaiola
Deixa a voz voar... "

Aproveitando a sensação das trocas no curso de Performance do Cantor no Palco, com Elias Andreatto. A frase em aspas foi a talentosíssima cantora-fotógrafa-compositora Laura quem me disse no encontro passado. Tem toda razão... 
Confiram o som lindo dela no myspace: 
http://www.myspace.com/lalarilala

Vaca Tussa

Letra brincalhona:



Eu não saio daqui
Enquanto ouvir a sua voz
Eu não saio nem
Que a vaca tussa
Que o cavalo se mexa
Que Deus me ofereça
Um punhado de avelãs

Eu não saio daqui
Enquanto durar a canção que a gente faz
Eu não saio nem
Que a vaca tussa
Que o bêbado se encoste
Que eu cale, que eu ria,
Que a morte...

Até se você duvidar
É mais um motivo pra eu ficar

Eu não saio nem
Que não entendas mais do que é que estou falando
Eu não saio nem
Se a voz apagar
Se a estrela sumir
Se o vento parar
Se a lágrima cair

Pra ser um mesmo lugar
O mesmo "ai", o mesmo ar que você respira

Eu não saio nem
Que a vaca tussa
Nem que o lobo morda
Que eu caia na avenida
Que o cobrador acorde
Que a fé aponte a sorte


Eu não saio nem
Se você nem ao menos souber quem é que eu sou
Eu não saio nem
Que eu também não saiba mais...
Eu não saio nem que vida em marte exista
E um foguete resolva me levar
(pois eu não quero)

Eu não saio, eu me nego
Eu te espero, sinto e sou...

Vem cá.

nada com nothing

Letra:

I feel ok if you say
That you're not in love with me
Life is more
Than your face
Taking my mind all the day

Closing my eyes
Feeling the sun
Of the sky
My lonely sun

Closing my eyes
Feeling the blue
Of the sky
My lonely blues

No ritmo o instante não repara em bobagem
É bagagem, usinagem, falo nada com nada
Marco pulso no impulso de uma breve pisada
Piso forte, rumo ao norte e não me entrego por nada

When I cry
Take my hand
You'll be my silent man

When I cry
Take my mouth
You'll be my silence.


respinga


Todo um recinto de profunda sinceridade. É o cômodo que se revira, arromba a porta e parte. Permaneço, agora sem paredes. Aquecimento súbito no cardíaco, sangue alucinado, dilatação do olhar, rubor na face, frio na derme: uma pipa ascende, brincalhona, e me comove. Hoje tudo me emociona. Está (estou) solta, desalinhada. Voa como se adentrasse o mar pela primeira vez! Respinga em meus olhos. A lágrima benze o teu vôo e me acalma. 

estrelada

Estrelas são como centelhas de azuis infinitos que perseguem inalcançáveis meus olhos minguantes de noite tranquila, tranquila... e, deitada, me deixo estar ao deleite nessa contemplação íngrime por séculos e séculos-luz... até que uma delas se aproxima, direta e inevitável, e meu olhar se faz lua-nova. E descansa aos primeiros raios-de-sol para a noite seguinte.

proteção

Enciumada
a passarinha-mãe aperta com toda a força
com toda a não-asa que há dentro da asa 
projeto de corpo
que ali já não mais está.

carma

O que preludia a luz do dia enquanto não há conhecimento da noite?

Degelo astral

Telescópio próprio
De emoções inventadas

E do derretimento
escorre uma flor

Do néctar
espremo um vazio cármico

Dia amanhece outro dia 
já o allegro, bo... ce... ja...

fundo

É neve de mar
Que se derrete em lágrima nascente?

Sem razão aparente
Tristeza vem e me sente

E me vende uns pedaços de verso salpicado
Em troca de oceanos inteiros
Patinação flácida em fina camada de giz
Me diz:
Quão fundo é o fim
Se eu te lançar da beira
Do meu abismado mundo?


E se tem fundo 
O fim do mundo
Me colhe um grão de areia?


di minuto I

Na cervical da memória o espelho da gente enlouquecida
O inverno passado nos trouxe mais calor que o agora enevoado
Ateve-se ao sonhado quem do presente se despediu
Sem se dar conta, lançou ao testemunho das não-horas o que jamais voltaria a ser
Estive ali e pronta me inverno
Em colher lampejos da vida engavetada
Virou pó
Centelha morna
Canção sabida
Sem me calar de satisfação
Mas de cansaço.

bossa

Repouso: pousa poeira nas cordas. Canto ainda para ninar uma ausência que me fita... e adormeço. 

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beijo terno, alma boa

beijo bom, terna alma!
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beijo céu, beijo mar

vejo o céu, te vejo no mar

mar te ve, céu te cobre
onda vem
amar céu, amarvvocê

o mar é o céu o céu é o mar, tocar os peixes é como tocar as estrelas
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um mergulho é um vôo estelar repleto de delicadezas
estrela te toca escorregadia

e os siris??

passarinhos?
beija-flor?

é!!! eles voam muito rapido!
quando a gente chega perto

e o coração bate na velocidade das asas
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pra onde eles correm?

pra um lugar que a gente num vê, mas q eles podem nos ver melhor!!!

espertinhos!!
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hehe.. deve ser atrás de alguma nuvem...

de algum monte
algum monte de nuvem e um monte de areia

aí vem a criança e o esconderijo vira um castelinho de nuvem

pq dá pra ver que a nuvem foi moldada por qualquer desenho que vc queria ver entao a gente pode fazer na areia a mesma coisa mas com as nossas mãos
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agora tudo q a gente viver depende disso. ver nas nuvens e transformar na areia o que a gente quiser
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vejo uma nuvem de você sorrindo!
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e quando a onda vem?
e leva embora nossos castelos?

é só o vento.

é pra re in e ventar
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reinventar




an^nim@s

castelos

Fico a pensar num dia, 
num dia de amor, 
em que meu afeto se transmuta em total entrega!


E o pensamento cessa.
E os corpos celebram, mutuamente afetados, 
a maravilhosa desilusão de todo o mais.

E me alegra sentir que nada mais existe.
E me enche de lágrimas sentir na pele a reinvenção da Existência.
Como se nesse vir de mar, os castelos, todos de areia, se diluíssem tranquilos...
E duas crianças noturnas brincassem de Deus num despretendido estado de inocência.

o céu é o limite


Oh, tu que és
e és luz
e és sombra
és como céu
que se derruba
desejoso
de um “como” às alturas
do ser alado
que habita teu ser:
!!!
mais pavor no trovador
delicado
do que num grito apavorado
na intensidade de um voo fatal!

gotas fartas
gordas de adoçar
caindo em devaneio
sedento de espaço
em si mesmo
gotas despencando
sedentárias em quadrantes pequenos demais
levadas pela gravidade
de todas as coisas sem sentido
ou com sentido demasiado -
não veem que o céu é o limite?

até que o vento sussurra
em pé de ouvido prestes a entupir:

permanece
ainda
a juventude que nos resta
enquanto arco-íris se formam
sem nada pedir
e abrem seu rabo
de pavão
quando há encanto
e prazer
nas horas
de banhar-sol
regados pela garoa
que ainda respinga
nas coroas
dos reis de papelão
nos alvos chapéus
das senhoras de casa de campo
e nas corolas perfumadas das flores

e enquanto ainda sente
o toque das penas
nas moléculas de ar
o movimento das   e s t r e l a s  que não se mexem
mas que movem corações apaixonados
curiosos da noite

AVES VOARÃO PELA NOITE?


Amanhece.

Aves
amantes
céus que se tocam dentro do céu
refeitos de brisa azul,
tanto assim,
de embriagar
crianças aladas. 


Pálpebra

Banhada de um suor 
que me lava 
a alma
e a leva mais pra perto 

do corpo
e me eleva pra além 

da mente
leve como uma pele 

que pisca:
pálpebra de alma!

Sargaço mar

Coberta de lírios
Sargaço mar
Entregue às flores
Reis fracassados
Trapos de ouro

Palavras aleatórias
Embriagadas
De noturno
Claves tímidas
Trépidas
Imitam vida

Sereia descortinada
Amada asa
Que voa
Em queda
Até as profundezas
Do ser

Vio-lento
Lentidão experimentada
Invento sereno
Da dor

Terra
Ar
Serpente
Sargaço mar
Sargaço mar.

Sargaço Mar
Dorival Caymmi


Quando se for
Esse fim de som
Doida canção
Que não fui eu que fiz
Verde luz verde cor
De arrebentação
Sargaço mar
Sargaço ar
Deusa de amor, deusa do mar
Vou me atirar, beber o mar
alucinado, desesperar
Querer morrer para viver
Com Iemanjá
Iemanjá, Odoiá
Iemanjá, Odoiá
Iemanjá, Odoiá

tem dia

tem dia que pede colo...

Brejo

Vamos falar de coração? Vamos falar de coração. Coração com coração. Couraça caindo. Despencando. Elevando aura do ser celeste em pele, em vida, em corpo. Sem desviar olhar. Oração verdadeira sem além, mas ao bem, meu bem, das mãos que acaricio nesse instante. Suas rugas de sorrir são tão belas. E o nariz dá vontade de roçar junto ao meu. Barba me dá cócegas. Rio. Segue. É você que se revela diante de mim. Há pulsar compartilhado. Roçado. Cheira beijo. Beijobeijobrejo. Outra estrela. Flor do brejo.


 "O Beijo" de Gustav Klimt.

ronca


O corpo se posiciona: se proporciona. Olho para cima, estendo os braços e agora vôo em anos-luz por entre estrelas, astros brilhantes que nos permitem ir pra longe entre um piscar e outro. Escuridão parcial de uma caverna esplendorosa. Um feixe de luz transforma gotas stalagtais nas estrelas a que me refiro. E o Universo onde passeio é um canal de ar levemente ensolarado. Atravesso uma galáxia antes de me vestir.

A nudez dá um tom zen, novo, mas ancestral: eis que descubro a minha idade da pedra! Estamos todos nús e todos corpo e alma. Na serenidade astral e seriedade humana, ou o contrário, nos comunicamos. Estar nú é, ademais, vestir-se de algo novo. De contrapor-se a um hábito, a um mau hálito que é o pudor permanente. Abro a boca e esbanjo frescor vital.

Salto do trem voador e observo meu entorno: ao longe, separados de mim pelas pedras instáveis e água de correnteza arredia, sobem ainda nús, homens e mulheres, ao topo de uma coluna de pedra, sobre a qual repousam, um a um, em posição meditativa. A imagem e a caverna evocam muitas sensações. A imagem me toca a alma com toda a extensão sensível e a alma fotografa a caverna com toda minha luz e minhas sombras mornas.

Estou em êxtase e nutro uma curiosidade verdadeira e fatal: deixo que a correnteza escura me leve. Perco o controle do meu corpo, da minha direção, do que está para ser e vou. Estou adentrando a caverna em velocidade quando uma grande pedra e um braço atento me fazem parar. É quando percebo um medo: poderia ter perdido a volta logo adiante. Uma pedra mais pontiaguda, um mergulho maior. Essas águas são muito mais fortes do que meu corpo, do que minha vontade de permanecer entre vocês (que é o máximo que posso imaginar). As forças da natureza são sempre maiores. Não existem para serem desafiadas nem afinadas. Existem por continuar. Por seguir a corrente sempre anterior e materna. Mãe Harmonia, receptáculo da semente solar, arco-íris sem arquitetos. Observação sem medidas nem comparações.

A observação é o sim, que segue. Comunicação pacífica que me nutre de cores, de cheiros, amor pelos seres e alguma poesia lá dentro. A meditação é ser(pl)ena e inspira um movimento consciente. Constante. Que continua e libera, despindo-me para o presente.

Escritório

Sobre a cabeça,

um ar condicionado
me condiciona

a sala
é com cada

Cada um
uma parte dela

pequena

a-
vul
-sa

Respiro
De permanecer

Tento inventar
É tão pouca graça

Escrever agora

É ligar
Um amplificador
De memórias vazias

Quando não:

longínquas
de dar
s
tal
gia


tal
que
as jogo
no

ar...


tetos altos.

Soul

Sinta o vento... traz a chuva sobre nós... vamos colher as espigas douradas...

Assovios partem do imenso corpo de centeio. Traços em grafite se reclamam, se cruzam e se alteram a cada movimento daquela dança plena, entregue, sementes que se movem suaves como um véu celeste, sem noivas nem pincéis: douram a superfície de cada molécula de oxigênio como alquimistas descompromissados.

São as asas soltas do som, celebrando caminhos novos. Respiração pulsada. Um sossego aceso adoça meus lábios que ousam compor. Criações fugidias para uma memória brincalhona, irresponsável, de um vai-e-vem desordenado, regado a flores da manhã seguinte, que talvez nem surjam como se espera, nem se espera que surjam de verdade. Ah, há tanto a se pensar quando nos dispomos a isso. Eu poderia me enganar com um punhado de frases razoavelmente coerentes. Seria vão? Mas os pensamentos não fluem como o prazer das sensações. Pelo menos, não agora. Há música no ar... soprando ainda leve dos peitos dos pés às pálpebras cerradas...

Cesso meus esforços e permito-me sentir essas asas... Calo e escuto: sssssou (L): our soul...

Comentário

De quando o comentário faz muito mais sentido do que o texto postado (mais uma vez).
É estranho:
Quase tudo que escrevo pela noite, tenho vontade de apagar de dia. Talvez seja uma espécie de transtorno bipolar... entre dois pólos não-de-todo-excludentes: um só mais sincero do que outro.

CONTACT

Ao contrário de meu amigo pensante, que utilizou a última postagem para sair um pouco do "academicismo", uso esse espaço para compartilhar um pedaço de uma pesquisa que iniciei no semestre passado para a disciplina "Práticas Culturais em Contexto Urbano", ministrada por José Cantor Magnani: "Contato e Improvisação sob um olhar antropológico urbano".

Pretendo, com isso, resgatar um relato de caráter "semi-antropológico" (pelo experimental), divulgar o Contato-improvisação a quem ainda não conhece essa modalidade da Dança Contemporânea e estimular a prática do Olhar e do Contato a todos que se interessem pelas artes vivas da vida. 


"Duas mulheres correndo" de Pablo Picasso

"(...)

Jam de Contato-Improvisação:
Experimentando efetivamente a imersão após algumas idas a campo:

25 de Maio de 2010,
É tarde de terça-feira. Venho a pé do metrô São Judas. Chego no portão do Clube Helvetia/ Maison Suisse, Indianópolis, o segurança me autoriza a entrada e me dirijo até a sala do Contato, o “Espaço Corpo”. A última do corredor, ao lado do banheiro. A porta está fechada. Do lado de fora, um banco de madeira, e sobre ele uma grande cesta com salgados Vegan. Logo abaixo, chinelos de tecido, sandálias e bolsas coloridas. Já é possível sentir uma "energia" diferente no ar. Da sala, sai Ricardo Neves, dançarino e docente do Contato, que me cumprimenta com simpatia. "Olá. Só mais dez minutos que estamos encerrando uma reunião, tá bom?". Em precisos dez minutos, a porta se abre novamente: "a jam está aberta". Tiro as sandálias do pé, deixo a bolsa sobre o banco e rumo ao interior da sala, de corpo livre e mãos vazias. "Acho que entrar com um caderno (de campo) pode deixá-los desconfortáveis.", penso. Lá dentro, uma música suave permeia os ouvidos recém saídos do fervor sonoro da Av. Jabaquara e vai afastando as tensões desde a cabeça até os pés que agora pisam num solado de borracha.

Encontro ali Hary Salgado, também dançarino e docente, Flora Adams e Cindy Quaglio, dançarinas, que me dão as boas-vindas e começam, cada uma, exercícios de alongamento e concentração. São independentes: enquanto uma alonga as pernas, a outra, a metros de distância, estica os braços.

Ricardo Neves caminha lentamente pelo espaço da sala. Le... n... ta... m... en... te...

A relação parece se dar entre cada um e si mesmo, si-corpo; entre cada um, que respira, e o solo que lhes serve como base. A relação automática que comumente travamos com o chão é estranhada. A imagem que tenho é como a de um extraterrestre (no sentido de que não está acostumado com a gravidade da Terra) recém-chegado, que sente pela primeira vez o seu próprio
peso sob essa nova força gravitacional num estado de deslumbre e experimentação. O solo ganha novas funções. Função de equilíbrio, de sensibilização do tato (para perceber cada contorno da planta do pé), de fonte de energias.“O solo se sentia parte do corpo.” (ALBERNAZ e FARINA, 2009).

Estou relativamente relaxada. Alongada, levemente aquecida, respirando o chão. Mas receava quando alguém chegava muito perto: “ai se ele/ela me tira para dançar...”. Minha falta de experiência se converte em um certo desconforto. Lá, a impressão que eu tinha era de que eram todos muito experientes e seguros de sua técnica. Pelo contrário, na Dança, eu era ninguém.
Ademais, uma ninguém míope: meus óculos haviam do lado de fora da sala. Era, no mais, uma aspirante à antropóloga que estudava alguma coisa de Teoria Musical e Arte-educação. Todavia, de nada me serviam os estudos naquele exato instante. A prática sensível do Contato exigia algo mais. Algo que talvez não possuísse ainda. Uma coragem para revelar meu corpo a um
desconhecido. E agora? Não adianta, o agora não tem previsão de chegada. E, no Contato, chega sem palavras, como aconteceu comigo em seguida.

Na minha cabeça, sentia-me um pouco mais segura há alguns minutos por ter me deslocado para fora da “área de risco”, ou seja, fora do solado emborrachado no qual as pessoas costumavam dançar. Estava sentada numa estreita faixa de piso que se localizava entre a parede e o solado de borracha, apoiando-me na parede e contemplando a dança que já se desenrolava entre os pares. Olhava tudo aquilo com encantamento, mas esquivava o olhar sempre que um outro parecia ir ao encontro do meu. Sabia que nessa dança o contato do olhar era um gesto significativo, podendo ele ser convite irrecusável para uma dança. E os evitava, pois.

No entanto, surge da porta uma quinta dançarina, também professora do Contato, que adentra a “área de risco” (no seu caso, sua área de conforto, familiar) e inicia movimentos de alongamento, relaxamento e concentração. À partir de então, o fato do solado acomodar um número ímpar de dançarinos me deixa novamente apreensiva. Passo a evitar especialmente o olhar da pessoa que está só. E torço para que a porta se abra outra vez para acabar com aquela “sensação do ímpar”. Minha área de conforto é invadida por essa sensação. Quero sair correndo daquela sala. Mas o ofício não me permite. É preciso me apegar ao que já havia lido: o Contato acontece entre “pelo menos” duas pessoas. “Formem um trio, formem um trio...”.

Eis que um dos pares é desfeito e Hary Salgado vai até a dançarina recém-chegada. Acolhe-a com carinho e massageia seu corpo inteiro, que está de bruços no chão. Cindy, que agora é o elemento ímpar, acomoda-se sobre uma das grandes bolas de plástico que estão num outro canto da sala. As duas interagem, Cindy e a bola azul. A bola azul é o sexto elemento e torna a composição novamente par, fazendo-me sentir menos vulnerável.

Noto que todo o processo é diretamente refletido em meus músculos, no modo como eles tensionam ou relaxam, conforme o nível de vulnerabilidade que sinto possuir sob cada circunstância apresentada. O olhar, ou mais precisamente o não-olhar, também reflete meus pensamentos. E comunica aos demais participantes acerca de meus receios. Meu desconforto também os afeta, sinto eu. É que, pelo número reduzido de participantes, o espaço é ocupado apenas parcialmente pelos dançarinos, o que torna minha presença mais evidente no campo visual e a interação, ainda que temida por minha parte, é maior do que nas sessões com mais participantes.

A minha presença era de tal modo percebida que, num determinado instante, Flora e Ricardo Neves trocam umas palavras, distanciam-se e o olhar dele se dirige a mim, fixa-se nos meus. Insinua um convite. Faço caretas como quem diz “mas eu não sei...”. O olhar insiste, agora acompanhado do gesticular de uma das mãos, simulando alguém se despindo do colar. “Ah, meu
colar...”, quando percebi já havia retirado o colar e me dirigia a ele, adentrando a zona de risco. Frio na barriga, músculos tensionados. Respiro. “É preciso ter autonomia de si mesmo, de sua própria respiração, para entrar em contato com o outro.”, lembrava-me da fala do próprio Ricardo numa oficina que assisti na Olido há duas semanas.

Ricardo agora está a alguns centímetros de meu corpo, o olhar ainda fixo nos meus olhos, olhar confiante e solidário que transmite tranquilidade. Mas para meu corpo ele ainda não deixa de ser ameaçador.

No cotidiano, meu corpo, que se estende num campo maior que os limites físicos do próprio corpo, é minha zona de conforto só enquanto ela não é invadida por nenhum outro corpo não familiar. A aproximação do outro é vista como uma ameaça na maior parte das vezes. E o homem das grandes cidades, especialmente de São Paulo, está o tempo todo sujeito ao contato físico indesejado. Paulistanos dividem vários momentos de “aperto” todos os dias, principalmente nas horas do rush, seja nos pontos de ônibus, trens ou metrôs, constrangendo-se uns aos outros, pedindo desculpas ao se encostarem, contraindo seus músculos, desviando seus olhares. Tal fenômeno pode ser relacionado à “reserva” de que trata Georg Simmel em seu histórico trabalho “As grandes cidades e a vida do espírito” (1903):

Decerto, se não me engano, o lado interior dessa reserva exterior
não é apenas a indiferença, mas sim, de modo mais freqüente  o que
somos capazes de perceber, uma leve aversão, uma estranheza e
repulsa mútuas que, no momento de um contato próximo, causado por
um motivo qualquer, poderia imediatamente rebentar em ódio e luta.

Mas será que o contato físico, afora o automatismo das reações aparentemente aversivas, é realmente repudiado?

Volto ao momento clímax da observação participante a qual vinha descrevendo anteriormente. O próximo gesto do professor me pede para fechar os olhos. E já não vejo mais com os olhos. Nem ouço mais com os ouvidos. Sou inteira ouvido tátil. (PAXTON, 1987).

O outro, até então desconhecido, é aos poucos me revelado corporalmente. O improviso no contato pede a libertação dos tabus sociais, da reserva individual, da reprodução de movimentos cotidianos e limitados. O corpo tem seu momento de libertação pela criação artística conjunta.
Utilizamos o peso dos corpos a nosso favor. Realizamos rolamentos, mergulhos, giros. À partir de determinado nível de interação, ganhamos confiança um no outro, e ele, que no início era sentido como ameaça/risco, passa a compartilhar comigo a sua zona de conforto, sendo ele também uma extensão da minha, ou seja, estende-se a área de conforto pelo dobro do que havia antes, tanto para ele quanto para mim (1+1~=4). E é então que o fluxo de movimentos se dá de forma mais harmoniosa. Olho mais nos olhos quando estamos frente a frente.

Aos nossos ouvidos, a música do rádio é quase imperceptível. A composição rítmica cabe a cada par de dançarinos. Sua fluidez é motivo de suspiros.

Aos poucos, aproximamo-nos de um terceiro elemento, Cindy Quaglio, que passa a interagir conosco. Ricardo Neves se desliga de nossos corpos, vai até Hary Salgado e inicia uma nova dança com ele.

Prosseguimos a dança entre duas mulheres, Cindy e eu, e o nível de familiaridade e de conforto conquistados há pouco com o outro retorna quase à estaca zero. “Quase” pois ao menos meu corpo se encontra menos desconfiado em relação à experiência da dança e do espaço. Sinto-me de certa forma iniciada no Contato. Há, todavia, um outro “outro”. É preciso recomeçar, perceber mais cuidadosamente os limites da estrutura física e emocional desse novo indivíduo para criar segurança/confiança na relação entre os corpos através dos movimentos.

De início, o evidente: corpo mais leve, o qual me serve menos como base. Tal circunstância me deixa insegura o tempo todo, sinto que posso machucá-la com meu peso. Há mais momentos de pausa. Mas, aos poucos, os movimentos fluem.

Hary desliga o rádio. E só então percebo que a sala já está praticamente vazia: ali dentro, apenas Hary, Cindy e eu. Diminuímos o ritmo dos movimentos até cessá-los de todo.

“Deu pra dançar um pouquinho, né?”, diz a moça num volume bem baixo, sorrindo para mim. Distanciamo-nos mais ou menos um metro uma da outra e, aparentemente, nos voltamos cada uma novamente para dentro de si, sentadas.

No entanto, do silêncio absoluto daquele momento, surge novamente a voz pianíssima, versando: “Força da paz... cresça sempre sempre mais...”.

Reconheço a canção. Era uma espécie de mantra que havia aprendido há alguns meses em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, de um grupo que misturava práticas espirituais e permacultura, Udhyana Banda, durante o 10º Fórum Social Mundial. (“Como ela conhecia também?”)

Para sua recíproca (e visível) surpresa, continuo: “... que reine a paz, acabem as fronteiras...”.

Imediatamente, o contato de olhar é refeito. A curiosidade paira no ar, mas vamos até o fim da música: “... nós somos um.”.

Sorrindo, repetimos o mantra. Só então perguntamos uma a outra: “de onde você conhece essa música?”. E é assim que inauguramos o contato verbal após nossos corpos terem se conhecido. E vibramos com a coincidência.

Coincidência?

(...)"



Not Until Now - Um filme do Contato-improvisação por Brandon Gonzalez:

Garça

Pensei em escrever. Aquelas imagens do trem correndo tão perto dos três e das tendas envelhecidas com seus mil lugares mágicos e trapézios pelo ar ficaram na minha cabeça. A banda de sopros dos meninos, o professor com sotaque estrangeiro e o seu violão nas mãos, a música indiana das janelas de uma das salas do jardim. As flores de primavera rosa choque com suas três pequenas e bem desenhadas hastes amarelas no meio delas. Suas pétalas quase transparentes, tamanha delicadeza, as lembranças das irmãs perfumeiras. O durante: cheiro bom. Peri cheira à essência de algo bom. Rabiscos na lousa, mãos de giz, brancas de paz, asas quentes, salgadinho de cebola. Lá dentro, o livre humor de um anarquista encanta. A paixão pela vida e pelo corpo. Ou melhor, pelo corpo-vivo, corpo não-múmia, corpo dançante. Corpo, corpo, corpo. Por aquela boca de noventa anos, até os números falavam, davam prazer. Tudo que dá gosto de ver e uma vontade doida de respirar. De experimentar o vento, de viver o espírito de pulmões/coração aberto(s). De "vibrar como revolução"!

E os olhos fitam, se agradecem (se reconhecem). E a consciência: se espande. Única.   

*Espírito vem do latim “spiritum”, que quer dizer sopro, vento, energia, impulso.

Com José Ângelo Gaiarsa.