A música não me deixa só. Nem me deixa. A música participa. Envolve-me. Abraça-me forte ou de leve. Sufoca a solidão. Acompanha meus estados de espírito. Atenua minhas dores. Vai agravá-las. Vou me agravar.
Escolho pelo hábito. Mas o tape geralmente chama. Tenta me impressionar. É preciso que me toque fundo ao tocar. Essas batidas parecem vir de dentro. Precisam me abalar das coronárias aos tendões do pé. Dar a impressão de que foram feitas por mim, ou simplesmente, para mim. Assim nos momentos em que estamos a sós, a música e eu.
Ela também precisa entender: nunca sou inteiramente dela, meus pensamentos querem bailar, surgem retratos que ganham corpo e pés em cada novo compasso e, de repente, estamos a dançar! Todos a bailar. Amores antigos, passageiros, momentos que passaram ou quase momentos que tomaram um rumo inesperado, abrindo as portas da fábrica de imagens em ação. A imaginação! Tamanha que já quase sonho. Minha vida é um baile de nuvens! E máscaras! - Por que me enganei se a sua máscara foi sempre a mesma?
O momento! O momento! Volte para o devido lugar! No seu devido lugar no tempo. É com a música que devo ficar.
Então ela reclama atenção com uma nota mais estridente. Si! Nos nervos! Foi-se. Abalou demais. A música só é boa enquanto não suplica. Como me parece ser o amor.
Lamento. Nosso momento chegou ao fim antes da última nota.
Escolho pelo hábito. Mas o tape geralmente chama. Tenta me impressionar. É preciso que me toque fundo ao tocar. Essas batidas parecem vir de dentro. Precisam me abalar das coronárias aos tendões do pé. Dar a impressão de que foram feitas por mim, ou simplesmente, para mim. Assim nos momentos em que estamos a sós, a música e eu.
Ela também precisa entender: nunca sou inteiramente dela, meus pensamentos querem bailar, surgem retratos que ganham corpo e pés em cada novo compasso e, de repente, estamos a dançar! Todos a bailar. Amores antigos, passageiros, momentos que passaram ou quase momentos que tomaram um rumo inesperado, abrindo as portas da fábrica de imagens em ação. A imaginação! Tamanha que já quase sonho. Minha vida é um baile de nuvens! E máscaras! - Por que me enganei se a sua máscara foi sempre a mesma?
O momento! O momento! Volte para o devido lugar! No seu devido lugar no tempo. É com a música que devo ficar.
Então ela reclama atenção com uma nota mais estridente. Si! Nos nervos! Foi-se. Abalou demais. A música só é boa enquanto não suplica. Como me parece ser o amor.
Lamento. Nosso momento chegou ao fim antes da última nota.
2 comentários:
Quem, senão você, poderia alcançar com tanta propriedade a grandeza da música e das sensações que sentimos ao ouvi-la?
Parece que seu texto, assim como as música pra você, foi escrito pra mim!
É aquele tipod e textoem que você se identifica com cada sensação que o autor colocou lá, mas que você jamais conseguiria descrever.
Muito lindo, Budinha!
Hum, música!
Deu vontade de ouvir algo...
Eu esqueci (ou não vi como) de lhe dizer isso ontem: gostei mesmo de Ceumar. E "lá", como eu disse antes, foi a que mais me fisgou!
Pensei em pelo menos duas outras músicas que dialogam com ela, e, apesar de vc possivelmente conhecê-las, não quero correr o risco de privá-la...
O "lá" me remeteu na hora pro "vilarejo" da Marisa Monte! http://letras.terra.com.br/marisa-monte/441705/
E, como contraposição dessa imaginação do lugar ideal, tem a do Chico: "Subúrbio", que ironiza e explora o lugar "real", e tem o "lá" como eixo...
http://letras.terra.com.br/chico-buarque/537331/
Se ainda não ouviu algumas delas, baixe já!
(acabei centrando o comentário em coisas alheias. Bom, nem tão alheias assim!)
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