Pôr-do-Sol

É quando o mar é mais azul. E imenso. Menos pernas nas ondas, mais ondas no mar. A maré sobe. O Sol se põe. Fundem cores na superfície de um horizonte inventado. O mar: a tela cristalina. O Sol: o guache já no fundinho do pote. Quem vê, sente, torna a paisagem sua arte final. Combina as gradações das quentes e frias, cores da bela vida! Aproveita até a última gota. Umedece a ponta do pincel com a lágrima que se aloca sob a pálpebra direita e retoca aquilo que no dia pareceu falhar. Pronto. Mas não espera secar completamente, já que nem seria possível mesmo: a pipa que pousa no mar feito gaivota na areia dourada vem lembrar que ele é todo água. É todo água e sal. Arde ao cair nos olhos! Engrossa os fios de cabelo. Cai, esconde o Sol na sensação de mistério que só a noite traz. Então cobrimos a tela com um pano escuro. Anoitece ali. Mas a companhia não deixa o dia morrer. Borrões na tela. Giros na areia. Brisa de verão. Amanhã é dia de recomeçar.



* De volta da praia. Com virose, com saudades.

2 comentários:

Dani disse...

Hum! que bela visão do paraíso, seguida do pouso na Terra de novo.
Parece uma pintura, uma fotografia. Impressionante como sempre consegue captar os detalhes e transformá-los em lindas metáforas!
de novo lindo texto!

Noubar Sarkissian Junior disse...

esse passou a ser um de meus textos categóricos. Que trazem em si metáforas pra serem lembradas sempre que eu pensar num pôr-do-sol na praia. Falo justamente das metáforas a que a dani se referiu...

"O mar: a tela cristalina. O Sol: o guache já no fundinho do pote."

são trechos como esse que..ficam.

(quem disse que a Praia Grande não pode ser linda? hehe)

Parabéns!