Quero mais, mais do que dar o motivo para um riso saboroso, dar a certeza de que há redimissão plena em adorar a vida. Ela desconfia de tudo, mas, quando crê, confia completamente em mim e no mundo - para a criança, não há confiança parcial. Para mim, há, apesar de tudo. Presenteio cismáveis com mais algumas chances e meio-acredito, tanto que me arrisco quase sem pestanejar. Ela não. Para ela é o absoluto ("relatividade?"), é entender o abstrato pelo que há de palpável ou pela crença total na fantasia que torna aquilo real. Explicar o que é o Amor... ah... nem começo! Ela sabe... sem dúvida, melhor do que agora sei. Se eu pedisse a ela que me apontasse o Amor, indicaria com seu dedinho miúdo a amostra mais verdadeira Dele. E eu me espantaria com tamanha convicção.
Há pouco, bem junto a mim, ela me apontou alguma coisa através da janela, "que que isso?". A trepadeira ali: "um monte de caracol, que nem seu cabelinho... (ri, sorri, mexe no cabelo) que linda! "Não, aquele...", levanta o indicador. "Ah... esse?", bem, é um bebedouro de água com açúcar com uma flor de plástico para atrair passarinho, coisa que já ouvi, coisa que vicia, faz mal para eles... mas é bonito, né? Olha lá mais um beija-flor vindo aí... Era o que era, não era?
De forma alguma! Aquilo AINDA não podia ser o que era, ou ainda não podia deixar de ser o que poderia para sempre ser: "Hmm... é assim! Oh, tá vendo aquela florzinha bonitinha? Então, ela fica lá, vem um passarinho (mão que vira passarinho) e MUAC!, bochechinha mais 'go-to-sa'! Viu? Beija a flor... Aquilo lá é para beija-flor...". Riso leve da criaturinha, acho que deu para entender... Ou não, vai saber...
Então ela se joga, de sorrisão aberto, nos meus braços sem nem desconfiar que, pela lógica da Física Mecânica, despencaria em dois tempos destes braços semi-atrofiados de alguma viola e um tanto de navegar e bloguear... aquele chumbinho de gente!
E que mania a nossa, essa dos diminutivos! "Chumbinho", "florzinha", "passarinho", "bochechinha", "cabelinho"... Que eu me lembre, por mais que me despejassem esses "inhos" todos, o mundo era sempre uma imensidão! E isso era tão bom! Sem contar que minha bochecha sempre foi enorme... o cabelo, então, nem se fale! Risos. Risos meus agora. Estar com ela é quase sempre uma forma de nostalgia...
e de captar o mundo daquele meu jeito que só ela entende.
Então ela se joga, de sorrisão aberto, nos meus braços sem nem desconfiar que, pela lógica da Física Mecânica, despencaria em dois tempos destes braços semi-atrofiados de alguma viola e um tanto de navegar e bloguear... aquele chumbinho de gente!
E que mania a nossa, essa dos diminutivos! "Chumbinho", "florzinha", "passarinho", "bochechinha", "cabelinho"... Que eu me lembre, por mais que me despejassem esses "inhos" todos, o mundo era sempre uma imensidão! E isso era tão bom! Sem contar que minha bochecha sempre foi enorme... o cabelo, então, nem se fale! Risos. Risos meus agora. Estar com ela é quase sempre uma forma de nostalgia...
e de captar o mundo daquele meu jeito que só ela entende.
Criança em casa. Meu "motivo para um riso saboroso" e que me dá "a certeza de que há redimissão plena em adorar a vida".
Um comentário:
Meu mundo talvez tenha feito o caminho contrário, Camila!
Eu pequeno, ele tanto quanto! era como se a vida se desse no espaço de meu bairro, com as exceções de praia e sítio, vez ou outra. Mas também era tão bom.
Acho que o mundo maior é que nos mostra mais. E mais tudo: coisas boas e ruins.
Fantástico notar as deformações que a experiência nos causa, quando sentimos o contraste dos olhares.
Adorei também as poesias que vc apagou, viu!?
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